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João Batista
João Batista pede apoio de Eliane Parreiras, secretária estadual de Cultura
O diretor mineiro João Batista de Andrade só espera o sinal verde do produtor Jorge Moreno para começar a trabalhar na cinebiografia de Henrique Lott, marechal que teve importante papel na cena política brasileira como ministro da Guerra e defensor da democracia, afastando-se da vida pública por não concordar com o golpe militar que depôs João Goulart em 1964.
 
Nascido em Antônio Carlos, na região de Campo das Vertentes, o militar faleceu há 30 anos, oportunidade para relembrar a sua trajetória no cinema, a partir da adaptação de “Um Soldado Absoluto”, de Wagner William. Assim como livro, o filme também buscará mostrar Lott como um homem que, dentro do Exército, destoou de seus colegas em favor do governo constituído.
 
Desinteresse
 
Por ser diretor contratado, Andrade prefere não adiantar muito sobre o assunto, mas revela que há muito tempo anseia por voltar a filmar em seu Estado Natal. Ituiutabano, mas radicado em São Paulo desde a década de 60, ainda luta para levar adiante o projeto de “Vale dos Confins”, adaptação do livro homônimo de Mário Palmério. “Está muito difícil captar os recursos. Não há interesse do empresariado mineiro”, lamenta.
 
De Gonçalves, onde passou os últimos dias na casa de uma irmã, o cineasta de filmes premiados, como “Doramundo” (1977) e “O Homem que Virou Suco” (1980), afirma que a política cultural do país não beneficia filmes mais densos. “Hoje é uma coisa só: estamos no reinado das comédias. O próprio governo parece direcionar os editais para projetos que consideram ser mais comerciais”, critica. 
 
Ex-secretário estadual de Cultura de São Paulo, no governo de Geraldo Alckmin, e atualmente à frente do Memorial da América Latina, que ganhou as manchetes em novembro passado ao sofrer um incêndio em seu auditório, Andrade planejava filmar nas cidades de Uberaba, Sacramento e Desemboque. No elenco, já estavam acertadas as participações de Letícia Sabatella e Lima Duarte.
 
“O Lima faria o papel de coronel da região, o que seria o casamento perfeito, pois ele nasceu em Desemboque e é muito ligado à história da cidade. Só vim a saber que a Letícia, com quem tenho uma grande amizade, era mineira depois. Sempre achei que ela era paranaense. Teria dois atores de Minas meio por acaso”, observa Andrade, que trabalhou com a atriz em “O Tronco” (1999).
 
Televisão
 
Com as dificuldades de captação de “Vila dos Confins”, o realizador tem se voltado para outros projetos, especialmente em parceria com a televisão. Após dirigir a minissérie “Travessia” (2009), para a TV Brasil, ele prepara “Na Sombra da História”, que será veiculada no Sesc TV nesse primeiro semestre, com 13 episódios de meia hora cada.
 
“É a História do Brasil vista por pessoas das ruas. Buscamos mostrar o que elas pensam da nossa História dos tempos coloniais até os dias de hoje”, adianta. Mas o que espera mesmo é voltar a fazer cinema. Para tanto, não pensaria duas vezes antes de se licenciar ou pedir demissão da presidência da Fundação Memorial da América Latina, que teve sua edificação projetada por Oscar Niemeyer.
 
Sobre o incêndio que atingiu o auditório Simon Bolívar, em 29 de novembro, Andrade assinala que foi uma fatalidade, ressaltando que, no início de 2013, uma série de medidas de prevenção foi tomada, como a criação de uma brigada civil de bombeiros. “Vamos esperar um laudo da USP para saber o que fazer na reforma. Dinheiro não será problema, pois o prédio tinha seguro”.